Ressurgimentos e Transformações – 50 anos do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Freie Universität Berlin
Uma exposição do Departamento de Historia del Instituto de Estudios Latinoamericanos em cooperação com o Archivo Universitario de la Freie Universität Berlin e o Ibero-Amerikanisches Institut Stiftung Preußischer Kulturbesitz
Curadoria de Karina Kriegesmann e Stefan Rinke
Colaboração com Hannah C. Anizar Lucio, Holle A. Meding, Helena Santos da Costa, Jenny Schürmann e Mirjam Wüstnienhaus
Design gráfico de Karina Kriegesmann e Nienke Schellinkhout Diaz
Realizado com o apoio da Ernst-Reuter-Gesellschaft der Freunde, Förderer und Ehemaligen der Freien Universität Berlin e. V. e do Instituto de Estudios Latinoamericanos
Inauguração da exposição I 18 de junho de 2022 I Henry-Ford-Bau der Freien Universität Berlin, Garystraße 35, 14195 Berlin Exposição I 20 de junho – 22 de julho de 2022 I Lateinamerika-Institut der Freien Universität Berlin, Rüdesheimer Str. 54-56, 14197 Berlin → Para a galeria de imagens [Poster pdf]A América Latina é um continente em constante movimento, que desde muito séculos fascina pessoas de diferentes regiões do mundo e desperta curiosidade científica. O interesse pela América Latina já tem sido particularmente notável no Instituto de Estudos Latino-Americanos da Freie Universität Berlin há mais de meio século. Sua atividade se caracteriza pela estreita cooperação e pelo constante intercâmbio cultural com latinoamericanxs. Nesse sentido, no meio da Guerra Fria, entre a década de 1960 e 1970, muitas pessoas desenvolveram um grande interesse pela América Latina, especialmente na República Federal da Alemanha. O “continente das Revoluções” recebeu uma atenção contínua – que também se viu refletida no trabalho acadêmico – devido ao boom da literatura latino-americana, aos debates de desenvolvimento e “subdesenvolvimento” bem como aos feitos das ditaduras.
Não é por acaso que o Instituto de Estudos Latino-Americanos, também conhecido como LAI e que comemorou seu 50º aniversário de fundação em 2020, é marcado por diversas rupturas. Nas últimas cinco décadas, o Instituto teve que enfrentar diferentes desafios em relação a sua própria identidade e ao seu futuro: o crescente interesse nos politicamente disputados estudos regionais depois da Segunda Guerra Mundial, a reestruturação do setor universitário provocada pelos movimentos de 1968 e as discussões do chamado “Terceiro Mundo”. Além disso, o choque de ideologias e o conflito de gerações, a violação dos direitos humanos na América Latina, a crescente mobilização estudantil e as medidas de austeridade na educação de forma que todos esses acontecimentos estão ligados à história do Instituto. Vez ou outra os seus membros conseguiram converter esses momentos de ressurgimento e de mudanças em fases de ressurgimento conjunto.
A exposição é resultado, portanto, do curso “50 anos do LAI – Preparação de uma exposição devido ao aniversário de uma instituição de importância histórica”, promovido no semestre de inverno 2019/2020 do mestrado. A intenção do projeto foi pensar e trabalhar criticamente a história do mais jovem instituto de estudos regionais da Freie Universität Berlin. Um ponto importante da exposição é apresentar as diversas facetas do Instituto pouco conhecidas, sobretudo durante as décadas de 1960 e 1970, e atingir uma interpretação que vai para além da Universidade. Além da conversa com atuais e antigos membros do Instituto, a exposição se nutre de atas e de protocolos do Conselho do Instituto, do Conselho de Administração e Senado Acadêmico, de documentos oficiais e folhetos, de catálogos dos cursos, de material didático, artigos de imprensa e correspondência pessoais que foram consultadas no próprio arquivo do Instituto de Estudos Latino-Americanos, no Arquivo Universitário da Freie Universität Berlin e no Instituto Ibero-Americano.
1962 Desenvolve-se uma intensa troca com a intenção de criar um centro latino-americano em Berlim entre xs representantes do âmbito acadêmico e político, especialmente entre os membros dos diversos institutos da Freie Universität Berlin, como do Instituto Ibero-Americano.
1963 Em algumas universidades na América do Sul e do Norte desperta-se um grande interesse na ideia de construir um centro latino-americano em Berlin e de promover um intercâmbio transatlântico.
1964 De acordo com a decisão de janeiro de 1964, retroativa ao início do semestre de inverno de 1963/64, cria-se o Departamento de América Latina no Seminário de Estudos Românicos da Freie Universität Berlin, que, em vista dos esforços das pessoas envolvidas, se transformou num instituto interdepartamental independente durante a década de 1960.
1969 A nova legislação do Ensino Superior de Berlim, adotada em agosto, cria condições legais mais favoráveis para fundar a interdisciplinaridade dos institutos centrais e possibilitou a fusão de atividades anteriormente separadas.
1970 Em uma decisão do Conselho de Administração da Freie Universität Berlin, celebram-se no começo de junho as eleições para os grêmios do previsto Instituto de Estudos Latino-Americanos.
1970 No dia 16 de junho celebra-se a sessão constitutiva do Conselho do Instituto, que deveria se reunir a cada 14 dias na sala de biblioteca na Brucknerstraße, em Berlim-Lankwitz. Na reunião seguinte, os membros decidem que a instituição conhecida como Instituto Central 3 (ZI 3) passasse a se chamar oficialmente Instituto de Estudos Latino-Americanos.
1970/1971 Debates, então, surgem a partir de folhetos e de outras diferenças de opinião entre os membros do Instituto. Isso culmina já no final do mês de junho, em um profundo conflito que resultou na renúncia de quatro membros do Conselho do Instituto. Pouco depois, três dos professores fundadores também saíram do Instituto pelo mesmo motivo.
1970 Em novembro, o Instituto de Estudos Latino-americanos apresenta um plano de desenvolvimento à Comissão Central de Desenvolvimento e Planejamento, que desenvolvem sete disciplinas: Estudos de América Antiga, Geologia, História, Literatura e Filosofia, Ciências Políticas, Sociologia e Economia.
1971 Em abril, o Instituto de Estudos Latino-Americanos se muda de sua antiga para a praça Breitenbachplatz (Reichsknappschaftsgebäude, casa de seguro de pensão de mineiros, ferroviários e marinheiros).
1973 Diante da tensa situação sociopolítica na América do Sul e da consequência das ditaduras – temas frequentemente discutidos no Conselho do Instituto –, alguns acadêmicos renomados como, por exemplo, do Chile, encontraram emprego no Instituto de Estudos Latino-Americanos.
1973 Pela primeira vez aparece a série de publicações do Instituto “Materiais para o Ensino e a Pesquisa” com a publicação de dois artigos sobre a reforma agrária peruana e a política de educação no contexto do processo de integração econômica na América Central.
1980 O Instituto lança as bases para pesquisas sobre mulheres e gênero que se promovem, entre outras coisas, mediante às conferências e às oficinas realizadas desde 1984.
1985 O Senador de Ciências de Berlim Ocidental planeja o envio de uma Comissão Internacional de especialistas para elaborar propostas para o futuro do Instituto de Estudos Latino-Americanos, o que alimenta rumores de sua possível dissolução.
1988 O Conselho de Administração da Freie Universität Berlin retira a competência da disciplina “Lateinamerikanistik” do Instituto de Estudos Latino-Americanos. Em resposta, xs estudantes ocupam o Instituto e provocam uma onda de protestos nas universidades de Berlim Ocidental durante o semestre de inverno.
Años 1990/2000 Em colaboração com o Instituto de Estudos Latino-Americanos, a Freie Universität Berlin concede o título de doutorado honoris ao sociólogo e presidente da república brasileiro Fernando Henrique Cardoso (1995), ao historiador Friedrich Katz (2002) e ao escritor mexicano Carlos Fuentes (2004).
2004 Os membros do Instituto entregam 298 cartas de solidariedade e uma lista com inúmeras assinaturas ao presidente da Freie Universität Berlin e ao Senador de Ciências de Berlim.
2005 O Instituto de Estudos Latino-Americanos perde sua biblioteca. As coleções são transferidas para recém-construída Biblioteca Filológica.
2005 No decurso da reforma de Bolonha, entra em vigor o módulo de 30 créditos em “Estudos Latino-Americanos” e o programa de mestrado em “Estudos Interdisciplinares Latino-Americanos”, que será acreditado em 2016.
2020 Tanto o 50º aniversário do Instituto de Estudos Latino-Americanos, assim como atividades relacionadas ao ensino e à pesquisa, é ofuscado pela crise global do coronavírus.
Um intercâmbio se desenvolveu entre diversxs representantes da ciência, da política e da cultura, cujo no centro estava a desejada criação de um centro latino-americano em Berlim. Esse deveria ser um lugar de vínculo entre as iniciativas, que até então estavam separadas, e de reunião de pesquisas e de professores que se relacionem com a América Latina no Seminário de Estudos Românicos, no Instituto de Sociologia da Freie Universität Berlin e no Instituto Ibero-Americano, entre outros. Xs participantes trocaram suas ideias através de correspondências, conversas e reuniões. Para obter apoio para os projetos, foram usadas redes de contato em Berlim Ocidental, a República Federal da Alemanha e nas Américas.1
Principais objetivos dos três “pais fundadores“:- Criar um centro latino-americano em Berlim com três departamentos: Instituto Ibero-Americano, Pesquisa e Ensino e Intercâmbio com a América Latina;
- Promover um relacionamento com a América Latina, entre outras coisas, com o convite de professores visitantes, com a admissão de estudantes, com o contato entre as universidades, o apoio do governo com contratos de pesquisas e suporte aos visitantes de todas essas regiões
- Criar oportunidades de trabalho e de estudo tanto para alemães como para xs latinoamericanxs com a possibilidade de participação em seminários, conferências e projeto de pesquisas relacionado aos seus países de origem;
- Estabelecer seis cátedras para oferecer aos estudantes uma formação integral em diversas disciplinas;
- Oferecer pequenos eventos para promover o contato e o trabalho em conjunto entre estudantes e professores a fim de facilitar a integração dxs latino-americanxs com a cultura local.
1 Nachlass Hirsch-Weber, Sondersammlungen, IAI SPK, N-0086 b 15, Dok. 10-12, Hirsch-Weber an Bock (13.6.1962).
O politólogo Wolfgang Hirsch-Weber (1920-2004), nascido em Mannheim, é uma das figuras principais ligadas à história dos estudos latino-americanos em Berlim. Seu legado, que reflete muito do desenvolvimento político e social da Alemanha e da América Latina no século XX, se encontra no Instituto Ibero-Americano. Embora sejam raros os registros pessoais de outros atores, suas numerosas correspondências e seus escritos constituem-se como base essencial dessa exposição. Eles forneceram informações sobre suas redes e interesses e mostram, segundo sua opinião, como os estudos regionais deveriam ser institucionalizados.
Depois de ter completado sua formação comercial, Hirsch-Weber, filho de um jornalista judeu, fugiu para a Bolívia em 1938 devido ao crescimento do poder do nacional-socialismo na Alemanha. Lá, ele passou onze anos, onde trabalhou como professor, contator e, mais tarde, como o diretor de uma mineradora. Durante o exílio, ele teve contato com outros alemães e se engajou na associação “Das andere Deutschland”. Em 1949, Hirsch-Weber retornou a Alemanha destruída, ingressou ao partido SPD, obteve o diploma de Ensino Médio e depois cursou ciências sociais. Já durante seu doutorado, ele assumiu um cargo no Instituto de Ciência Política da Freie Universität Berlin. Ele defendeu a criação de um centro independente de pesquisa em relação a América Latina, seguindo o exemplo do Instituto John F. Kennedy para os estudos norte-americanos. Ele, no entanto, não estava sozinho nesse projeto, trabalhou em estreita colaboração com Hans-Joachim Bock, diretor da Biblioteca Ibero-Americana e, desde 1962, diretor do Instituto Ibero-Americano e com o romanista, linguista e balcanólogo Günter Reichenkron, apesar de seu passado problemático durante o nacional-socialismo.
Hirsch-Weber continuou mesmo assim seu engajamento político em Berlim. Ele manteve contatos próximos com sindicatos e com o SPD e assessorou o prefeito com questões de política externa relacionados a América Latina. Além disso, realizou viagens para dar palestras e fazer pesquisa na América Latina, onde estabeleceu novos contatos. No final da década de 1960, foi professor convidado e representante da Fundação Friedrich Ebert e cofundador do Instituto de Investigações Sociais (ILDIS). No início dos anos 1970, pouco depois dele deixar o Instituto de Estudos Latino-Americanos como professor fundador, ele aceitou um convite como professor de Ciência Política na Universidade de Mannheim. Na década de 1980, ele voltou à Berlim como consultor.
Durante a segunda metade do século XX, a história do Instituto de Estudos Latino-Americanos esteve estreitamente ligada ao enfrentamento entre Oriente e Ocidente. Nesse contexto, é importante levar em consideração a fundação e o status especial da Freie Universität Berlin, que se prolongou durante décadas. Em 1948, ante o crescimento da influência do comunismo na Universidade Unter den Linden de Berlim, estudantes opositores, apoiados pelos Estados Unidos, exigiram a criação de uma universidade livre de intervenção política no setor ocidental da cidade.
Antes da formação do Instituto de Estudos Latino-Americanos, alguns membros da universidade já sabiam a importância da América Latina no contexto da Guerra Fria. Em 1963, devido à impressão causada pela Revolução Cubana e à construção do muro de Berlim, um professor do Instituto da Europa do Leste comunicou aos seus colegas latino-americanos o plano de atrair jovens acadêmicos da América Latina para realizar um programa de estudos de três anos, totalmente financiado em Berlim Ocidental. Os objetivos estavam claramente definidos: xs estudantes latino-americanxs deveriam adquirir um grande conhecimento a respeito do marxismo e do leninismo, ser instruídxs sobre as intenções presentes e futuras dos Estados comunistas assim como saber da “verdadeira situação” daqueles Estados.2
Hirsch-Weber e outrxs apoiadores da ideia de um centro latino-americano prepararam, portanto, argumentos similares. Segundo o politólogo, a melhor maneira de sensibilizar xs estudantes da América Latina sobre as consequências da Guerra Fria seria com a sua estadia em Berlim. Dessa forma, paralelismos poderiam ser vistos entre a política de Berlim e os interesses partidos da América Latina. Durante a década de 1960, Hirsch-Weber evidenciou o significado político e simbólico de Berlim Ocidental em cartas dirigidas aos altos representantes do Estrado e aos companheirxs de partido.
Em 1962, Wolfgang Hisch-Weber destacou ao presidente alemão Heinrich Lübke e Willy Brandt – então prefeito de Berlim e da Associação Regional do SPD – a importância da fundação de um centro latino-americano em Berlim:„Eu talvez ainda possa acrescentar que esse tipo de Instituto poderia ter um aspecto eminentemente político [...] Quando no memorando propomos que todos os estudantes latino-americanos que estudam na Alemanha sejam convidados a passar seu primeiro ano de estudos em Berlim, o sentido é o mesmo: serão confrontados com a realidade de Berlim, que no fim é uma alegoria e a experiência mais dolorosa da realidade alemã e, ao mesmo tempo, serão levados a uma cidade onde o Leste e o Oeste se encontram.“3 „A experiência ensina que os visitantes das “esquerdas” da América Latina, e isso inclui os líderes dos partidos democratas-cristão da América do Sul, rapidamente se tornam amigos quando lhe falam que são social-democratas e que eles compreendem Berlim muito bem porque a cidade é governada por social-democratas. Os grupos progressistas da América Latina são extremamente influentes e, em alguns anos, certamente dominarão a maioria dos países dessa região. Essa é uma outra razão pela qual acredito que o centro deveria ser estabelecido em Berlim.“4
2 FU Berlin, UA, ZI OEI, Nr. 190 a, Abteilung Geschichte, Professoren in Lateinamerika, Philipp u.a. an Grases (2.8.1963).
3 Nachlass Hirsch-Weber, Sondersammlungen, IAI SPK, N-0086 b 15, Dok. 48, Hirsch-Weber an Lübke (17.8.1962).
4 Nachlass Hirsch-Weber, Sondersammlungen, IAI SPK, N-0086 b 15, Dok. 46, Hirsch-Weber an Brandt (17.8.1962).
Berlim se tornou no século XX um lugar importante para os estudos regionais. Os exemplos de Maria Sibylla Merian e Alexander von Humboldt deixam claro que o interesse pela América Latina surgiu muito tempo antes. Antes das décadas de 1910 e 1920, ele se dava como uma atividade acadêmica esporádica e sem um marco institucional. Na década de 1930, quando o Instituto Ibero-Americano foi fundado, houve um novo impulso na pesquisa sobre o continente. Depois da Segunda Guerra Mundial e também devido à divisão da Alemanha, o Instituto Ibero-Americano perdeu temporariamente sua posição central.
No começo da década de 1960, os estudos regionais estavam no centro da atenção política e acadêmica na República Democrática Alemã. Além do “Departamento de Estudo Latino-Americanos” da Universidade de Rostock, as cidades de Leipzig e Berlim Oriental também contavam com importantes centros de pesquisa. A importância dos estudos regionais também cresceu na República Federal. As discussões sobre a criação de um centro latino-americano em Berlim, e finalmente sua criação, podem ser situadas em uma fase de fundação de novos institutos na década de 1960.
Durante essa fase, Berlim e Hamburgo mantiveram uma relação de concorrência. Ambas buscaram apoio político e financeiro a nível federal para o desenvolvimento dos estudos regionais. Quando, no começo da década de 1960, se mostrou evidente que os planos de Hamburgo estavam bastante avançados e que a formação de um instituto na cidade hanseática era eminente, o jornal Der Tagesspiegel ofereceu sua ajuda. Um editor perguntou aos impulsores de Berlim se esse era momento adequado para a publicação de um informe sobre o projeto local e para o lançamento de uma campanha própria.
Na década de 1960, desenvolveu-se dentro da República Federal da Alemanha uma corrida para a institucionalização de pesquisas sobre América Latina, que Berlim estava disposta a ganhar:„Se nós não nos apressarmos, os de Hamburgo nos ganharam apesar de tudo.“5
1912 | Instituto Alemão da América do Sul, Aachen |
1917 | Instituto Ibero-Americano, Hamburgo |
1922 | Instituto de Pesquisa sobre América, Universidade de Würzburg |
1923 | Instituto Ibero-Americano, Bonn |
1930 | Instituto Ibero-Americano, Berlim |
1960 | Centro de Pesquisa de História da Asia, África e América Latina, Universidade de Leipzig |
1960 | Grupo de Trabajo sobre América Latina, Universidad Humboldt de Berlín |
1961 | Departamento Iberoamericano, Universidad de Rostock |
1961 | Cátedra/ Departamento de História da Península Ibérica e América Latina, Universidade de Colônia |
1962/63 | Instituto de Estudios Ibero-Americanos, Hamburgo |
1963/64 | Departamento de América Latina do Seminário de Estudos Românicos, Freie Universität Berlin |
1968 | Instituto de Estudos Ibero-Americanos, Universidade de Rostock |
1970 | Instituto Central do Instituto de América Latina, Freie Universität Berlin |
1986 | Instituto Central para Estudos Latino-Americanos, Universidade Católica de Eichstätt-Ingolstadt |
Fundações importantes dos institutos em sua fase de institucionalização da pesquisa sobre América Latina nos tempos do Império Alemão, da República de Weimar, da República Federal da Alemanha e da República Democrática Alemã. Aufstellung u.a. in Anlehnung an Wilhelm Lauer, „Deutsche Lateinamerika-Forschung“, in: Hans-Georg Wormit (Hg.), Jahrbuch Preussischer Kulturbesitz 1974/1975, Bd. XII, Berlin 1976, S. 71-86, hier S. 84.
5 Nachlass Hirsch-Weber, Sondersammlungen, IAI SPK, N-0086 b 15, Dok. 104, Hirsch-Weber an Reichenkron (4.10.1963).
A institucionalização da pesquisa sobre América Latina em Berlim não deve ser entendida apenas no contexto de ser uma rede de contato acadêmicos e políticos dentro da República Federal Alemã. As interdependências do transatlântico são pouco conhecidas, mas também interessantes. Institutos de renome nos Estados Unidos e na Europa foram referências centrais para a criação do centro em Berlim. Nesse sentido, em agosto de 1962, circulou um artigo da Internacional Social Science Journal entre os seus pioneiros. Ele oferecia informação sobre o Latin American Institute da Columbia University, em Nova Iorque, que havia iniciado suas atividades recentemente e tinha uma importância central sobre o ponto de vista da política exterior estadunidense.6
A orientação e, ao mesmo tempo, as diferenças das instituições já existentes dedicadas à América Latina foram fundamentais para os pioneiros em Berlim:„Evidentemente antes de criar um centro de instituições similares, é necessário observar por exemplo, Amsterdam, Londres e Paris. Em diferentes aspectos, essas instituições podem se tornar modelos, mas também abrem novos caminhos.“7
Os contatos com as instituições latino-americanas foram igualmente relevantes. Em 1964, durante uma viagem à América do Sul e do Norte, Hirsch-Weber se inteirou a respeito de que diferentes universidades no Chile, em El Salvador e no México tinham interesse em estabelecer uma troca de professores e de estudantes com o Instituto em Berlim. O presidente mexicano e o Ministro da Educação se comprometeram a ter fundos para apoiar professores visitantes. Em Nova Iorque, Hirsch-Weber também se inteirou a respeito de que Frank Tannenbaum, um dos especialistas em América Latina mais reconhecidos nos Estados Unidos, estava disposto a ir à Berlim como professor convidado.
A Fundação Ford tornou-se importante na discussão a respeito dos financiamentos dos intercâmbios transatlânticos. O diretor do Departamento de Assuntos Internacionais, Shepard Stone, apoiou ativamente a Freie Universität Berlin nas décadas 1950 e 1960. Segundo Hirsch-Weber, a Fundação Ford não pôde financiar completamente o Centro Latino-Americanos e seus programas de intercâmbio, mas não descartou financiar cátedras de professores visitantes.8
6 Nachlass Hirsch-Weber, Sondersammlungen, IAI SPK, N-0086 b 15, Dok. 44, Hirsch-Weber an Neumann (2.8.1962).
7 Nachlass Hirsch-Weber, Sondersammlungen, IAI SPK, N-0086 b 15, Dok. 12, Hirsch-Weber an Bock (13.6.1962).
8 Nachlass Hirsch-Weber, Sondersammlungen, IAI SPK, N-0086 b 15, Dok. 108-110, Hirsch-Weber an Pabst (12.2.1964).
Desde o início, as discussões sobre a orientação dos conteúdos e as tarefas da instituição planejada, assim como sua estrutura pessoal, estiveram acompanhadas com perguntas sobre as instalações adequadas. Em janeiro de 1964, decidiu-se estabelecer um Departamento de América Latina no Seminário de Estudos Românicos da Freie Universität Berlin – retroativo a 1º de outubro de 1963.9 O objetivo era, no longo prazo, construir um instituto de América Latina interdepartamental.10 Depois do primeiro ano e de diferentes lugares em Dahlem terem sido usados, o Departamento de América Latina se mudou em 1965 para um chalet na vila na Brucknerstraße em Lankwitz e, portanto, nas imediações do Instituto Ibero-Americano, cujo a biblioteca era uma base essencial para a pesquisa.11 As conferências se encontravam nas salas do Seminário de Estudos Românicos na Ihnestraße 22 ou na Boltzmannstraße 3.12
Frente ao iminente traslado do Instituto Ibero-Americano ao novo complexo de edifícios do Tiergarten, os membros do Instituto de Estudos Latino-Americanos também discutiram a possibilidade de mudar sua localização. A estreita colaboração entre as instituições parceiras teve de ser mantida. No entanto, como as consultas da Freie Universität Berlin às autoridades responsáveis não foram bem-sucedidas e não foi encontrado nenhum lugar adequado de construção no distrito central de Berlim, os responsáveis voltaram a descartar essa ideia.
Nove meses depois de sua fundação, o Instituto de Estudos Latino-Americanos se mudou para Breitenbachplatz. Os membros do Instituto iniciaram suas atividades no antigo edifício administrativo da companhia de seguro dos trabalhadores empregados pela indústria mineira na Rüdesheimer Straße 54-56. Segundo o primeiro relatório anual, as salas do edifício convidavam a um “trabalho intensivo”.13 Até hoje, as salas de aulas centrais e os escritórios dos funcionários se encontram no segundo andar e no porão do prédio projetado pelos arquitetos da Bauhaus Max Taut e Franz Hoffman em 1929/30 ao estilo da Nova Objetividade.
Devido ao limitado número de salas e ao crescente número de funcionários e de estudantes, o debate sobre uma possível mudança na localização do Instituto surgiu novamente na década de 1970. Em meados dos anos 2000, a incorporação do Instituto ao edifício central “Silberlaube” parecia iminente. A aquisição bem-sucedida de projetos financiado por terceiros garantiu, entre outras coisas, um pouco mais tarde que o Instituto de Estudos Latino-Americanos permanecesse em Breitenbachplatz e foram concedidos outros dois locais na Boltzmannstraße.
9 FU Berlin, UA, R729, Auszug aus dem Protokoll über die 112. Sitzung des Kuratoriums der F.U.B. (9.1.1964).
10 FU Berlin, UA, R729, Schreiben an Rektor Heinitz (25.7.1963).
11 FU Berlin, UA, R729, Pabst an Lüers (22.3.1965).
12 FU Berlin, UA, R729, s. u.a. die Ankündigungen von Vorträgen durch den Direkter der Abteilung (1967).
13 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1970-1974, ZI 3 Lateinamerika-Institut, Jahresbericht April 1971 bis März 1972 (zu Händen des Präsidenten der Freien Universität Berlin), S. 3.
Apenas alguns dias após a reunião constitutiva, o Instituto de Estudos Latino-Americanos se viu enfrentando uma série de tensões, que determinou os debates e as cooperações posteriores em 1970 e 1971. Um folheto distribuído pelo comando Takamaro Tamiya e as diferenças de opiniões entre xs membros do Instituto e de grupos de status provocaram um grande conflito político. Isso fez com que quatro pessoas do Conselho do Instituto se demitissem, impossibilitando o trabalho e a tomada de decisões, e levou também, pouco depois, à saída de três professores fundadores. Em razão desses acontecimentos, o Instituto se tornou tema de discussão dentro e fora da Freie Universität Berlin. Não só no Conselho do Instituto e no Senado Acadêmico, mas também na imprensa e na Comissão de Investigação Parlamentária da Câmara dos Representantes de Berlim Ocidental, onde os acontecimentos e os conflitos verbais associados foram o centro da atenção. Os pontos de vistas e as expectativas dxs estudantes, professores e assistentes não poderiam ser mais diferentes.
Crítica de estudantes a um professor e a outrxs estudantes em um panfleto de junho de 1970:“Qualquer que seja capaz e esteja disposto a cometer uma semelhante perfídia e possa contar com o apoio ativo de seus companheiros mafiosos e dos catedráticos não merecem ser tratados diferentes. Ou esses estudantes valentões continuam acreditando que é melhor manter esses imbecis nas cátedras em Berlim para atirar neles suas armas de água ideológica?“14Trecho de um artigo publicado no Tagesspiegel em setembro de 1971, que expõe o comportamento dos professores:
“Quando [um professor inicialmente do Conselho do Instituto e mais tarde do Instituto] como social-democrata é chamado de “agente do capitalismo” e “traidor dos trabalhadores” [e] tem que se sentar no Conselho do Instituto com os mesmos estudantes que o impediram e o acusaram em seus eventos, não há então mais fundamento nenhum [para a cooperação em um instituto pequeno].“15Lembrança de um assistente de pesquisa no Instituto de Estudos Latino-Americanos no começo dos anos 1970:
“O regresso dos exilados – todos de Berlim – foi conflitivo. A reforma universitária de 1969/1970, que também levou à fundação do LAI, tirou algum de seus privilégios. Mas, acima de tudo, a rebelião dos estudantes contra o ‘fedor sob as vestes’ prevaleceu com a retórica revolucionária, lembrou aos retornados sobre o tempo anterior, uma vez que eles tiveram que fugir [...] Para esclarecimento uma imagem de gênero: um seminário [de um professor] [...] foi transformado por alguns estudantes em um tribunal [...] o clima estava acalorado, envenenado.“16Trecho do material de discurso da deputada berlinense Ursula Besser como um marco da justificativa da pergunta do grupo parlamentário do CDU de junho de 1971, que tratava da situação no Instituto:
“O caso [de um tutor] põe em evidência a situação geral do ZI 3. O Conselho do Instituto se encarregou da tutoria ‘determinantes do processo de desenvolvimento socioeconômico na América Latina’. [Dois professores] se opuseram por motivos de feito e forma. Descrevem o tema como cientificamente injustificado, [o tutor] como não qualificado, apontam sua filiação à Célula Vermelha e criticam a falta de uma pessoa cientificamente responsável como imprescindível de acordo com o parágrafo 29 do Código Universitário.”17Declaração da assembleia de assistente de pesquisa após uma publicação sobre uma situação no Instituto de Estudos Latino-Americanos em 1971:
“Em todos os casos, os professores universitários deram o motivo da sua demissão, sendo a crescente influência das forças extremistas de esquerda no Instituto. Essa acusação geral nunca foi concretamente aprovada e não pode ser aprovada. Existe uma diversidade de posições políticas entre o pessoal acadêmico, os estudantes e outros membros do corpo institucional.”18Trecho de uma declaração de agosto de 1971 de um professor sobre o significado de um Coletivo de Trabalho Socialista (SAKI) no Instituto de Estudos Latino-Americanos:
“A implementação gradual de planos a longo prazo do SAKI nem mesmo meu sucessor pode impedir (os esquerdistas têm muito tempo!).“19
14 Nachlass Hirsch-Weber, Sondersammlungen, IAI SPK, N-0086 b 15, Dok. 184, 185, Flugblatt vermutlich vom 24.6.1970.
15 Uwe Schlicht, „Taktisches Geplänkel zu Beginn. Erste öffentliche Sitzung des FU-Untersuchungsausschusses“, in: Der Tagesspiegel (Berlin, 11.9.1971).
16 Auszug aus einer Nachricht von Volker Lühr (28.10.2018).
17 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1970-1974, Material zur Rede von Frau Dr. Ursula Besser, MdA (Begründung Große Anfrage der CDU-Fraktion v. 10.6.1971), S. 5.
18 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1970-1974, Stellungnahme der Versammlung der wissenschaftlichen Mitarbeiter des Instituts, S. 1.
19 FU Berlin, UA, ZI LAI, Nachlass Otte, Kiste 1, Stellungnahme (29.8.1971), S. 3.
Sem o engajamento dos estudantes, o Instituto provavelmente não existiria em sua forma atual. Pouco tempo depois que a primeira crise institucional – logo após sua criação – parecia superada, a resolução da Assembleia dos Estudantes reviveu debates sobre o futuro do Instituto em abril de 1972. O objetivo era protestar contra o disciplinamento político dos membros da universidade. As principais críticas não estavam só relacionadas aos cortes do financiamento das tutorias, associados à supressão do ensino alternativo, que, em sua opinião, deveria ser marxista e progressista.20
Desde o começo da década de 1970 xs estudantes tentaram convencer o corpo docente da necessidade de greve, conseguindo isso, parcialmente, em 1976. Em dezembro, xs professores receberam, por parte dxs militantes do Conselho de Greve, uma intimação para o tribunal de greve. Nesse contexto, xs assistentes de pesquisa declararam em uma resolução própria que não só consideraram justificadas as demandas dxs estudantes, mas também as apoiavam. Com o boicote dos cursos, xs estudantes buscaram conseguir melhoras no financiamento do estudo e de suas condições e também protestar contra o controle político de funcionários universitários, o que era incompatível com a Lei Fundamental da República Federal Alemã.21
No inverno de 1988/1989, o ativismo estudantil provocou uma nova ruptura. Nesse momento, xs estudantes de toda a cidade expressaram seu descontentamento com as salas de aula cheias, as condições de estudos que precisavam ser melhoradas e o déficit habitacional que prevalecia há meses. Um motivo especial para o protesto foi a prevista reestruturação interna da universidade, que ameaçava retirar a responsabilidade da assinatura de “Lateinamerikanistik” ao Instituto de Estudo Latino-Americanos. Xs estudantes queriam impedir isso.22
O comprometimento dxs estudantes com as necessidades e os interesses de sua geração tanto em Berlim como na América Latina continua até hoje. Isso se mostra claro especialmente nas ações de solidariedade em relação às pessoas assassinadas e aos estudantes perseguidos em Ayotzinapa e na Nicarágua.
20 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1970-1974, Resolution der Vollversammlung der Studenten des Lateinamerika-Zentralinstitut, S. 1.
21 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1976-1977, Resolution der wissenschaftlichen Mitarbeiter des Lateinamerika-Instituts (10.12.1976).
22 Reeck, Helga, „,Linke Tendenz‘ ergibt sich aus der Forschung. Die Änderungen am Lateinamerikainstitut waren einer der Auslöser der Studentenproteste“, in: Der Tagesspiegel (Berlin, 28.12.1988).
Na década de 1970, os enfrentamentos políticos e as ditaduras militares em diversos países da América Latina colocaram uma nova tarefa diante dxs membros do Instituto de Estudos Latino-Americanos. Isso consistiu em adotar uma posição adequada à situação tanto a nível interno como externo. Entre 1974 e 1975, os debates se transformaram em um verdadeiro ato de equilíbrio, pois xs membros do Instituto sentiam que era necessário tomar uma clara posição, especialmente diante dos acontecimentos na Argentina, no Brasil e no Chile. Eles tentaram repetidamente se fazerem escutar pela Freie Universität Berlin e pelo Governo Federal para aumentar a pressão sobre as pessoas responsáveis.
Ao mesmo tempo, os membros do Instituto se encontravam em uma tensa encruzilhada entre a solidariedade internacional, as noções de liberdade acadêmica e as demandas de uma objetividade científica. O anúncio de um curso de um professor assistente sobre sindicatos argentinos no semestre de inverno de 1975/76 causou, por exemplo, uma agitação. A burocracia sindical atual tinha sido qualificada como “direitista até fascistóide”, o que provocou rapidamente uma chamada do Departamento Jurídico do Gabinete Presidencial da Freie Universität Berlin. Este último tinha preocupações jurídicas porque o conteúdo dos cursos não deveria ter conteúdo ideológico.26
Nos anos seguintes, os desafios permaneceram. Por um lado, para lidar cientificamente com os desenvolvimentos políticos e sociais na América Latina de Berlim ou in loco no âmbito de viagens e de excursões. Por outro lado, também foi necessário buscar constantemente o equilíbrio entre a distância acadêmica e o posicionamento claro sobre os acontecimentos nos diferentes contextos.
Justificativa do projeto de resolução sobre a situação na Argentina e no Brasil apresentado ao Conselho do Instituto de Estudos Latino-Americanos de outubro de 1974:„O terror da extrema direita adquiriu nas últimas semanas dimensões aterrorizantes na Argentina. [...] [No entanto] – a diferença, por exemplo, dos esquadrões de morte brasileiros, que são quase incontroláveis para o governo – não parece inútil contrariar esse terror em até certo ponto nas publicações internacionais e colocar, consequentemente, pressão sob o governo argentino. De qualquer forma, o grupo de excursões do Instituto deve tentar pelo menos este meio e não ficar de braços cruzados como meros espectadores.“23Projeto de resolução sobre a chamada questão dos refugiados dirigida ao presidente da Freie Universität Berlin no final de 1973:
„O Conselho do Instituto do LAI pede que o Presidente da FU proteste de forma mais energética possível ante ao governo federal contra a demora na adoção de medidas concretas para a entrada de refugiados e refugiadas do Chile na Alemanha, que segue expondo vítimas da ditadura militar às condições desumanas nos campos de concentração e nas prisões chilenas.“24
Informe de uma participante em viagem de estudos à Argentina em 1974 sobre o tema “A oportunidade do 2º governo peronista na Argentina na ciência, na política e na sociedade” demonstra igualmente o abismo entre ideias e realidade política na década de 1970, e também coloca os e as estudantes a prova.
Trecho de informe retrospectivo a uma estudante sobre a estadia na Argentina, a qual um grupo de oito estudantes de esquerda tiveram que passar dois dias em cárcere em Buenos Aires, esperando em vão o apoio da embaixada alemã e da Freie Universität Berlin:„Nos impressionou a grande cidade de Buenos Aires [...]. Por outro lado, tivemos experiências perturbadoras e nos indigna o declínio da democracia na Argentina, uma forma de governo que nós na Alemanha vimos com bastante desprezo, mas também como algo natural. [...] Às três da manhã, depois do funeral e do protesto pelo assassinato do advogado Silvio Frondizi, policiais uniformizados e armados com metralhadoras invadiram nosso pequeno hotel. [Após nosso retorno a Berlim] [...] os responsáveis do LAI tentaram nos convencer e ficamos calados por causa disso, sem ir a público, nem mesmo com discussões internas acaloradas. Não confiávamos mais em nós mesmos, nós revolucionários falhamos lamentavelmente, que só conseguimos cantar canções na prisão.“25
23 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1974-1976, Vorlage für den Institutsrat, Entwurf Resolution (4.10.1974).
24 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1970-1974, Beschlußvorlage für den Institutsrat.
25 Annemarie Cordes, Unveröffentlichter, autobiografischer Bericht über die Argentinien-Exkursion des Latein-Amerika-Instituts (LAI) der FU Berlin im Sommer 1974, geschrieben 2016 im Rahmen einer Schreibwerkstatt.
26 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1974-1976, Nachrichtliche Aktennotiz eines Assistenten an die Mitglieder des Institutsrats (23.6.1975).
Em 1973 o golpe militar no Chile provocou uma grande contestação e, ao mesmo tempo, amplas declarações de solidariedade com os perseguidos, afinal diversos membros do Instituto mantinham laços científicos e uma relação próxima e pessoal com esse país e com pessoas perseguidas. Nesse contexto, em 25 de setembro de 1973, foi anunciada uma reunião extraordinária do Conselho do Instituto em que xs presentes discutiram as minutas de uma declaração.
Xs representantes do Instituto de Estudos Latino-Americanos condenaram veementemente em 1973 a queda de Salvador Allende e exigiram medidas do governo de Bonn.
„O Conselho do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Freie Universität Berlin solicita ao Governo Alemão:
que não reconheça a junta dos golpistas;
que siga o exemplo de outros países e não conceda ajuda técnica e econômica ao regime violento;
que apoie as organizações internacionais de direitos humanos para que intervenham contra a perseguição política e a violação do direito internacional ao asilo;
que conceda um direito ao asilo generoso e apoio material aos chilenos perseguidos politicamente pela junta militar e aos latino-americanxs ameaçados de extradição.“27
Os acontecimentos no Chile geraram reações não apenas no Instituto de Estudos Latino-Americanos, mas também na Departamento de Filosofia e de Ciências Sociais. Já na reunião de setembro de 1973, o conselho do Departamento decidiu por unanimidade a condenação do terror contra a população chilena. No entanto, a resolução foi além e incentivou renomear o nome do Instituto de Estudos Latino-Americanos.
Trecho da resolução do Conselho do Departamento de Filosofia e de Ciências Sociais de setembro de 1973:„Para que os órgãos universitários prestem homenagem destacada à personalidade Salvador Allende, que foi levado a morte por forças legais sem escrúpulos, propomos nomear o Instituto de Estudos Latino-Americanos de Instituto Salvador Allende.“28
Quatro semanas depois, essa proposta estava na ordem do dia da reunião de Conselho do Instituto de Estudos Latino-Americanos. A ideia também foi “recebida positivamente em sua intenção política”, mas não foi levada a cabo. Segundo os membros do Instituto, a intenção da realização da “intenção política expressa” no trabalho científico poderia ser “melhor sob o nome Instituto de Estudos Latino-Americanos“.29
Embora o posicionamento público do Instituto tenha atingido seus limites com a possível renomeação do Instituto, seus membros defenderam pesquisadores perseguidos no Chile. No início de 1974, as negociações com a administração da Freie Universität Berlin e o reitor estavam bem avançadas. Achava-se possível acolher mais pessoas expulsas do Chile, desde que fosse possível integrá-las nos projetos de pesquisa do Instituto de Estudos Latino-Americanos. Neste contexto, novos funcionários deveriam ser recrutados, especialmente para sociologia, economia e ensino de línguas.30
27 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1970-1974, Entwurf der Stellungnahme des LAI zum Militärputsch in Chile.
28 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1970-1974, Resolution des Fachbereichsrates des Fachbereichs Philosophie und Sozialwissenschaften (20.9.1973), S. 2.
29 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1970-1974, Vorlage an den Institutsrat zur Beschlußfassung (19.10.1973).
30 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1970-1974, Antrag an den Institutsrat (7.1.1974).
Ainda que o ensino não fosse uma prioridade em absoluto para os professores fundadores, 50 anos mais tarde pode se observar que o Instituto de Estudos Latino-Americanos se tornou em um Instituto para estudantes de todos os lugares do mundo. No entanto, em 1962 Hirsch-Weber tinha em mente que um grupo de estudantes da América Latina e da Alemanha assistiriam juntos conferências e seminários, uma vez que “os problemas tratados nos cursos sobre América Latina são tão pouco pesquisados e deveriam ser trabalhados em uma estreita cooperação entre professores e estudantes.”31
Poucos meses depois de sua fundação, o número de jovens estudantes aumentou consideravelmente no Instituto. Esses se inscreveram ou na ‘Lateinamerikanistik’ou na ‘Altamerikanistik’, atenderam às classes sobre América Latina em seu campo de estudo e em outros departamentos ou também participaram de cursos de idiomas. O Der Tagesspiegel informou que “no semestre de inverno de 1971/72 [se pôde oferecer] um programa de ensino consideravelmente ampliado e melhorado em suas próprias salas” com 413 participantes. Além disso, o número de estudantes “aumentou consideravelmente".32 No semestre de inverno de 1971/72, só eram oferecidos 25 cursos, mas nos últimos semestres o número tem sido superior a 50. Desde então, o intensivo estudo sobre América Latina não ocorreu apenas nas salas no Breitenbachplatz, mas também nas muitas estadias que, entre outras coisas, já em 1971 levou estudantes e professores a investigar a reforma agrária no Chile.33
Enquanto cada vez mais estudantes começavam seus estudos de Magister, no semestre de inverno de 1990/1991, o número de estudantes alcançou o nível máximo de 1150 nas disciplinas principais e secundárias, de forma que desde 1980, vários membros do Instituto já tinham desenvolvido novas propostas de ensino.34 Em janeiro de 1984, discutiu-se no Conselho do Instituto um plano para a construção de um curso de pós-graduação chamado “Pedagogia do Terceiro Mundo” que pretendia, entre outras coisas, possibilitar “cursos úteis para professores desempregados”.35
Assim como esse projeto piloto, uma proposta estudantil inovadora não foi utilizada – na época. Como parte de um seminário autônomo durante o semestre de greve de 1988/89, um pequeno grupo desenvolveu um modelo de reforma para um curso de estudos regionais “Estudos Latino-Americanos”, que encontrou respostas mistas. Xs estudantes pensaram em um curso de licenciatura com um calendário de estudos uniforme, uma oferta de cursos interdisciplinares e um semestre prático integrado a fim de ganhar experiência profissional e internacional.36 A partir dessa ideia, as reformas de Bolonha foram antecipadas. Enquanto os cursos de Magister foram sendo gradualmente eliminados, entrou em vigor o módulo de 30 créditos no bacharelado e o mestrado em “Estudos Interdisciplinares da América Latina” no semestre de inverno de 2005/06, que foram reformados em 2013.
31 Nachlass Hirsch-Weber, Sondersammlungen, IAI SPK, N-0086 b 15, Dok. 11, Hirsch-Weber an Bock (13.6.1962).
32 „Wieder Hochschullehrer am Lateinamerika-Institut“, in: Der Tagesspiegel (Berlin, 12.11.1971).
33 FU Berlin, UA, ZI LAI, Institutsrat 1970-1974, ZI 3 Lateinamerika-Institut, Jahresbericht April 1971 bis März 1972 (zu Händen des Präsidenten der Freien Universität Berlin), S. 3.
34 Zur Entwicklung der Studierendenzahlen: Lateinamerika-Institut, Tätigkeitsbericht 1989-1990, Berlin 1991, S. 7.
35 Lateinamerika-Institut, Protokoll der 246. Sitzung des Institutsrats vom 31.1.1984, S. 3.
36 Martin Ling, „Reformmodell am Lateinamerika-Institut“, in: Die Tageszeitung (Berlin, 11.1.1990).
O equilíbrio de gênero das pessoas que trabalham no Instituto de Estudos Latino-Americanos, assim como as que lidam com abordagens acadêmicas das relações de gênero, sofreram uma profunda mudança nos últimos 50 anos. Na década de 1960, com a exceção de uma representante do Departamento de Ciências do Senado de Berlim, apenas homens estavam envolvidos nas discussões sobre a fundação de um centro latino-americano em Berlim. Não é de surpreender, portanto, que em 1962 nas discussões sobre a adoção de uma figura central, se sugeriu a criação do cargo de diretor administrativo “que afinal deve ser um homem”.37
Após a fundação do Instituto de Estudos Latino-Americanos, um pequeno grupo de professores determinou o destino do Instituto e dos debates em seu Conselho. Pouco se sabe sobre o papel das duas professoras que trabalharam no Instituto, assim como de algumas secretárias. No decorrer da década de 1970, outras mulheres começaram a trabalhar no Instituto. Em 1977, quatro dos 14 cargos de assistentes e de docentes eram ocupados por mulheres. Em 1980, a nomeação de uma especialista em estudos de gênero para uma cátedra em sociologia anunciou uma nova fase. Nas décadas seguintes, o número de funcionárias aumentou de forma constante em todas as áreas. Em conjunto com uma engajada implementação de promoção das mulheres, sua proporção tanto no grupo de professores em tempo integral quanto entre os estudantes de bacharelado e de mestrado está entre 70 e 80 por cento há vários anos.
O papel das mulheres na América Latina e a importância das relações de gênero têm sido foco de muitas pessoas que trabalham no Instituto de Estudos Latino-Americanos há cerca de 40 anos. Na década de 1980, a atenção se concentrou principalmente na questão do “subdesenvolvimento”, dos direitos humanos e do acesso aos recursos. Desde então, o interesse pela pesquisa e pelos estudos de gênero têm se intensificado e se estendido. Desde 2005, xs mestrandxs também podem se especializar em uma área especifica que trata das relações de gênero, modos de vida e transformações e, ao mesmo tempo, aprender sobre os processos históricos e atuais, representações e interconexões desde diferentes perspectivas disciplinares.
37 Nachlass Hirsch-Weber, Sondersammlungen, IAI SPK, N-0086 b 15, Dok. 10, Hirsch-Weber an Bock (13.6.1962).
No meio da década de 1980, o Instituto de Estudos Latino-Americanos precisou reorganizar e lidar com mais questões que mudará sua própria imagem e determinará seu futuro a longo prazo. De acordo com a nova Lei do Ensino Superior de Berlim, revisada em 1986, os institutos centrais, em que pessoas de diferentes disciplinas ensinam e pesquisam juntas, não deveria existir dessa forma. A continuidade do Instituto, portanto, perderia sua igualdade legal com os departamentos e não teria mais ser participante da autogestão acadêmica. No meio de 1988, o Senado Acadêmico debateu uma iniciativa para dissolver o Instituto. No final da década, o Senado de Berlim finalmente acabou por reestruturar a política universitária, criando bases jurídicas para a renovação da igualdade de departamentos e institutos centrais.38
O marco legal influenciou não somente no destino do Instituto nesses anos. Em fevereiro de 1985, o Senador de Ciências de Berlim Ocidental visitou o LAI. Sua intenção era convocar uma comissão para a melhoria das condições de ensino e de pesquisa e a dotação de professores. O grupo internacional de oito especialistas, dentre eles Hirsch-Weber, visitou, então, o Instituto e apresentou um relatório em 1986. Em suas “Recomendações para o Desenvolvimento de Pesquisa e de Ensino sobre América Latina na Freie Universität Berlin”, a comissão fez referência às ideias de um centro latino-americano levantadas no começo da década de 1960. A crítica ao Instituto Central em sua forma atual foi devastadora: “O Instituto não fez jus ao seu objetivo e sua tarefa em seu conjunto. A comissão não encontrou entre o pessoal do LAI nenhum conceito geral unificador que sustente o trabalho do Instituto, nem uma identidade institucional que seja perceptível no mundo exterior. A pesquisa e o ensino parecem ecléticos.”
No entanto, a comissão considerou que o “fechamento sem substituição” do Instituto Central seria “lamentável e errôneo”. Em seu lugar, propôs a refundação de uma instituição de pesquisa com mais 20 cátedras que se chamaria “Instituo Alexander von Humboldt”.39 Contudo, as condições financeiras para isso não estavam dadas.
A Frankfurter Rundschau informou sobre os incidentes em torno do Instituto de Estudos Latino-Americanos e teve como título:„O consultor atual deixou o Instituto com raiva. O Instituo de Estudos Latino-Americanos da Freie Universität Berlin caiu em desgraça com o Senado de Berlim. A comissão constata a falta de um conceito.“O jornal publicou também uma declaração do então presidente do Conselho do Instituto após a apresentação das “Recomendações” pela chamada Comissão Kewenig, que causou preocupação entre os membros do Instituto:
„Não se terá nada de valor em fechar esse Instituto que tem desenvolvido seu perfil próprio e goza, em parte, de um grande reconhecimento na América Latina, para fechá-lo, nem o Senado nem o Presidente da FU terão coragem de apoiar.“40
38 Lateinamerika-Institut, Tätigkeitsbericht 1989-1990, Berlin 1991, S. 4.
39 „Empfehlungen zur Weiterentwicklung von Forschung und Lehre über Lateinamerika an der Freien Universität Berlin“ vorgelegt von acht Kommissionsmitgliedern, S. 3, 17.
40 Marion Lucke, „Der heutige Gutachter verließ einst das Institut im Zorn“, in: Frankfurter Rundschau (Frankfurt am Main, 8.1.1987).
A segunda metade da década de 1980 representa uma fase extremamente turbulenta na história do Instituto. As mudanças nas diretrizes do ensino superior, a possível reorganização do Instituto como consequência dos informes das comissões de especialistas e a motivação dxs estudantes marcaram esse período.
Em outubro de 1988, de forma totalmente inesperada, o Instituto de Estudos Latino-Americanos se viu afetado pela decisão do Conselho Administrativo da Freie Universität Berlin de retirar a disciplina “Lateinamerikanistik”, incluindo a necessidade de planejamento e de ensino. Essa decisão representou uma ameaça para o Instituto como um todo, sua existência foi posta em jogo. Xs estudantes reagiram imediatamente e iniciaram uma greve por meses no Instituto de Estudos Latino-Americanos. Junto aos colegas de outros institutos, que também foram afetados por decisões semelhantes no Conselho de Administração, eles ocuparam em pouco tempo a maioria dos institutos da Freie Universität Berlin e de outros departamentos de Berlim Ocidental. Juntxs, elxs exigiram a retirada das decisões e a democratização integral dos departamentos. O ensino e o Instituto continuaram paralisados, então, por mais de um semestre. Várixs estudantes se instalaram no Instituto ocupado com suas escovas de dente e organizaram rodas de discussão e grupos autônomos. As resoluções finais foram temporariamente adiadas. Em 1989, a política de ensino superior do Senado de Berlim Ocidental assegurou que a situação se tornasse mais branda gradualmente.
Esses meses emocionantes deixaram sua marca nos membros do Instituto de Estudos Latino-Americanos como também na opinião pública. No final de dezembro de 1988, o Der Tagesspiegel publicou um artigo sobre o protesto dxs estudantes, no qual se concentrou no papel do Instituto de Estudos Latino-Americanos. Aparentemente, não havia nenhuma razão objetiva para a dissolução do Instituto. Em vez disso, o artigo focou na decisão do Conselho Administrativo de uma reestruturação planejada em uma área da universidade dominada por “esquerdistas”. Essa tendência surge “na Lateinamerikanistik” quase inevitavelmente como resultado do projeto de pesquisa, dizia a imprensa.41 Essa não era, no entanto, a única reputação dada ao Instituto e aos seus estudantes. As inúmeras festas, sobretudo entre 1980 e 1990, também foram legendárias e, segundo falam, elas teriam sido as melhores festas de toda a Freie Universität Berlin.
41 Helga Reeck, „,Linke‘ Tendenz ergibt sich aus der Forschung“, in: Der Tagesspiegel (Berlin, 28.12.1988).
No começo do novo milênio, o Senado de Berlim se viu obrigado a aplicar amplas medidas de austeridade. As universidades de Berlim se viram especialmente afetadas pelos cortes pessoais e de fundos. Mais uma vez, o Instituto de Estudos Latino-Americanos teve de fazer frente à grandes mudanças. Os recursos do Instituto foram reduzidos consideravelmente, as cátedras corriam risco de serem perdidas e a oferta do ensino de graduação não parecia mais viável. Os membros do instituto consideraram as mudanças anunciadas como uma clara limitação da infraestrutura acadêmica, um dano inaceitável a sua reputação e uma ameaça às estreitas relações entre a América Latina e Berlim, um tradicional ponto de referência. Nessa situação crítica, o Instituto recebeu apoio de pessoas e de instituições empenhadas em mantê-lo em sua forma atual. O apoio foi tão grande que em janeiro de 2004, os membros do Instituto de Estudos Latino-Americanos puderam entregar ao presidente da Freie Universität Berlin e ao Senador de Ciências em Berlim 298 cartas de solidariedade e uma lista com quase 300 assinaturas contra os cortes propostos.
Entre dezembro de 2003 e janeiro de 2004, no âmbito de uma campanha de solidariedade, se formularam diversos argumentos – que foram bem-sucedidos do ponto de vista atual – para a preservação do Instituto de Estudos Latino-Americanos.42„Como marco de nossos protestos contra essas medidas de austeridade, xs estudantes do LAI realizaram uma ampla campanha de apoio, na qual pedimos aos cientistas, aos intelectuais e aos escritores que têm uma conexão com nosso instituo e/ou com Berlim, que defendam o LAI através de cartas de apoio.“
„A Cátedra de economia do LAI LAI foi uma base ótima para a minha formação [...]. Desde o começo de 2003, sirvo ao governo do presidente Lula como Secretário de Seguridade Social. Tenho muito claro que essas grandes oportunidades de participação só são possíveis graças ao conhecimento que pude adquirir em Berlim“
„Como pesquisadores e intelectuais, temos o papel de apreciar o Instituto, não apenas como uma instituição educativa e de desenvolvimento de pesquisa, mas também como lugar de encontro para aqueles de nós que se interessam pelas relações entre Alemanha e América Latina.“
„I appeal to you to investigate whether this standard has been applied or whether there simply is a methodology that says the institution must save costs by replacing faculty of long standing and high reputation (and therefore high salaries) with those of lesser reputation and lower salaries. Such a ,coerce to the bottom‘ will in the end harm the FU more than it will help.“
42 Auszüge aus den drei Bänden „Eingegangene Unterschiften im Rahmen der Solidaritätsbriefe-Aktion für das Lateinamerika-Institut der Freien Universität Berlin (Dezember 2003 – Januar 2004)“.
Após a superação da crise de 2004, o Instituto de Estudos Latino-Americanos viveu uma fase de reinvenção. Xs críticxs que acusaram o Instituto de falta de cooperação entre as disciplinas e a ausência de um projeto comum, deveriam ser agora convencidos do contrário. Em meio a mudança entre o professorado, os membros tiveram uma tarefa de em pouco tempo apresentar um conceito que pudesse dialogar com todas as disciplinas e assegurar o futuro do Instituto no quesito de pesquisa e de ensino. A partir de então, os debates foram conduzidos de forma conjunta a respeito do caminho da América Latina para uma “modernidade diferente” em sua interdependência global. Ao mesmo tempo, os membros do Instituto intensificaram seus contatos, sobretudo com universidades e instituições de pesquisa na América Latina, com as quais concluiu novos acordos e promoveu projetos de pesquisa em conjunto. Dentro da Freie Universität Berlin, a cooperação entre xs especialistas de diferentes regiões se tornou cada vez mais importante. Sobretudo em relação à parceria com iniciativas de excelência, o Instituto de Estudos Latino-Americanos recebeu muita atenção no final dos anos 2000 devido a sua expertise e a sua rede internacional. A promoção de jovens pesquisadores também tomou novos caminhos. Em 2008, o Instituto criou o programa de doutorado interdisciplinar “Estudos Latino-Americanos em perspectiva comparativa e transregional".
Em 2009, iniciou-se uma fase de sucesso científico e de novos começos na história do Instituto com a inauguração do Colégio Internacional de Graduados germano-mexicano “Entre Espaços”, o primeiro colégio de pós-graduação com sócixs da América Latina financiada pela Sociedade Alemã de Pesquisa. No âmbito do colégio, os membros dedicaram-se por mais de nove anos à pesquisa sobre globalização nas ciências sociais e nas humanidades e apoiaram mais de 160 estudantes de doutorado e pós-doutorado em Berlim/Potsdam e no México. Em 2014, foi organizado o Congresso AHILA, o maior evento acadêmico sobre América Latina na Alemanha até então com mais de 1000 participantes. Pouco depois da aprovação do Colégio Internacional de Graduados, xs pesquisadores ganharam outros grandes projetos com financiamento externo. Esses projetos têm contribuído para a consolidação do Instituto nas redes internacionais de pesquisa interdisciplinar da América Latina até hoje. Diversos e grandes projetos como, por exemplo, a rede “desiguALdades.net”, o projeto “MISEAL”, o programa “trAndeS”, o centro “Mecila” e o Colégio Internacional de Graduados “Temporalidades do Futuro” foram financiados por terceiros e iniciaram suas atividades nos edifícios na Boltzmannstraße 1 e 4, incorporados pouco depois ao Instituto.
Em 2022 o Instituto relembra mais de 50 anos ressurgimentos e de transformações. Os tempos turbulentos, que a existência do Instituto se viu ameaçada, já fazem parte do passado. O Instituto encontrou seu lugar na Universidade e no mundo acadêmico internacional. No marco de diversos eventos e celebrações de aniversário, xs membros do Instituto celebram com ex alunxs e pessoas que se sentem próximas a ele um olhar ansioso por seu futuro promissor.
O Instituto de Estudos Latino-Americanos hoje em dia em números
mais de 350 estudantes nos programas de bacharelado e de mestrado (2020) |
10 professores e professoras titulares (2021) |
mais de 60 60 empregadxs na área científica e de apoio à pesquisa (2021) |
24 doutorados supervisionados pelo Instituto de Estudos Latino-Americanos (2019) |
mais de 100 cursos realizados no semestre de inverno de 2019/20 e no semestre de verão de 2020 |
quase 30 convênios com universidades ou instituições de pesquisa latino-americanas (2020) |
mais de 160 publicações registradas (2019) |
10 projetos em curso financiados por entidades terceiras no Instituto de Estudos Latino-Americanos com ao menos três membros participantes do mesmo (2020) |
Lidera a classificação da maior captação de financiamento feito por terceiros por cabeça entre as cátedras na Freie Universität Berlin |